Era uma vez, uma pessoa que foi levar um gato ao veterinário e saiu de lá com três filhotinhos de cachorro – além do gato.
Esses três filhotinhos vieram dentro de uma caixinha própria para transportar gatos. Sim, o gato voltou em outra caixa, mas a questão não é essa. Essa ninhada de cães foi abandonada no quintal da clínica veterinária naquele dia. Três cachorrinhos, obviamente irmãos, mas cada um de uma cor. Pra falar a verdade, um mais esquisito do que o outro. Por isso mesmo todos irresistivelmente lindos. Mentira, gente, era uma mistureba de cachorro, mas eu nunca conseguiria voltar pra casa e deixando os gremilings lá, justamente por isso: quem é que ia querer aquela cachorrada genérica abandonada? Óbvio, eu queria. Minha cunhada, a dona do gato em questão, estava comigo, e concordou que se escolhêssemos um só – ou dois – o que ficasse lá seria vítima de encalhe. Voltamos felizes pra casa, já batizando as três cachorrinhas pelo caminho.
Que mal tem, né, a gente mora numa chácara mesmo. Tinha espaço de sobra pra três filhotinhos, que cabiam numa caixa. Pausa para ver os filhotinhos na atualidade:
É, as crianças cresceram bem…Bem mais do que eu até! rs
Depooois, chegou a Lassie, que meu cunhado resgatou perto do trabalho:
Mais tarde chegou a Gabi, abandonada com seus irmãos no meu portão. Todos novinhos e já judiados, famintos. Conseguimos novos lares para eles e ficamos com a Gabinóia, que ganhou esse apelido carinhoso por ser extremamente medrosa e assustada (trauma, eu acho), tanto que tem medo até do clique da máquina fotográfica e me fez entrar debaixo do carro pra fazer essa, que é uma das raras imagens dela…rs
Como vocês podem perceber, esse post é sobre amor.
Todo cachorreiro – e gateiro também – sabe que o chamado desses olhinhos aí é praticamente irresistível. Claro, a gente não pode levar consigo todos os cães abandonados do mundo, mas se você permitir que eu dê um palpite na sua vida, é esse: adote um animal quando puder. Se permita ser amado (e, prepare-se: idolatrado) por essa criaturinha que vai, pra sempre, retribuir seu amor. Multiplicado, garanto.
Por esses dias você verá vários posts, em muitos outros blogs, falando sobre adoção e guarda responsável. A razão disso, além de ser uma campanha eterna pra quem realmente gosta dos bichinhos, é que o Dia das Crianças está chegando e com ele aquele impulso de dar filhotinhos de presente para os pequenos… Mas essa não é uma ideia boa? Pet e criança não são friends forever? Até podem ser, o problema é quando o animal em forma de presente começa a dar o trabalho que qualquer ser vivo dá – alimentação, higiene, saúde – e a família acaba abandonando o pobrezinho, como quem encosta um carrinho ou tranca a boneca usada no armário.
O resultado é a piora de uma situação corriqueira e triste, que observamos nas ruas do país todo, milhares de animais abandonados; transformando-se em um problema do qual ninguém quer se responsabilizar. Daí a importância de aproveitar esse momento de conscientização e divulgar os 10 pilares da Guarda Responsável, para quem se preocupa em fazer do mundo um lugar melhor para os animais:
01. Educação das crianças sobre a necessidade do respeito aos animais;
02. Denúncia e vigilância contra maus tratos aos animais;
03. Castração dos peludinhos pra evitar o abandono dos filhotes não planejados;
04. Vacinação para todos;
05. Visitas regulares ao veterinário;
06. Conscientização contra os abandonos, principalmente no final do ano;
07. Necessidade de auxílio aos cães e gatinhos mais idosos;
08. Alimentação digna e saudável;
09. Espaços adequados para a diversão e bem-estar;
10. Higiene constante do local onde moram e também deles mesmos.
Além disso, nunca é demais dizer que existe diferença entre não ser uma pessoa afeiçoada a animais de estimação – algumas pessoas simplesmente não são, ué – e maltratar. Ninguém é obrigado a criar animais, só que todos são, sim, responsáveis por manter a civilidade em relação a eles. Por isso, sempre que for necessário, denuncie abandono e maus tratos. Você pode até achar que não adianta nada mas, acredite, na medida em que aumentarem as denúncias, aumentará a punição. Pode até demorar, mas a gente sempre pode dar o primeiro passo para melhorar as coisas.
E de repente você gosta de bichinhos mas não pode criá-los. Não tem espaço, não tem tempo nesse momento, não importa. São muitas as Organizações e Protetores independentes que se dedicam a amenizar a situação. Não precisa ser nenhuma ajuda extravagante, não. Procure perto de você – dá uma olhada na sua lista de Amigos do Facebook, certeza que tem cachorreiro lá – e veja como pode ajudar. Ração, medicamento, sempre há algo a fazer, e tudo é importante.
Aliás, se você conhece alguma Organização que precisa de ajuda, dê uma olhada no Programa Max em Ação, da Max Alimentos. O programa é válido para o Brasil inteiro, saiba mais em www.maxemacao.com.br. Foi deles que surgiu a iniciativa para essa blogagem coletiva sobre o assunto, que nós abraçamos com o maior amor.
*PS: é, eu falei de três filhotes e só tem 2 cachorronas nas fotos. Sim, é a parte triste da história. Perversa até, eu diria. Apesar do tamanho gigante (a última vez que conseguimos pesá-las, a balança mostrou 65 kg na Pam!), elas sempre foram dóceis. Parecem filhotes eternos, muito mansas. Como eu disse, moro em uma chácara. Houve um tempo em que a cerca era essas tradicionais de área rural, com arame farpado. Na chácara vizinha havia crianças pequenas, que viviam brincando com as cachorras pela cerca. Um belo dia, um caminhão pequeno, fechado, de mudanças encostou pra fazer a mudança da família. Foram várias viagens, inclusive à noite. Já deu pra ter uma ideia do que aconteceu? Pois é, roubaram os cachorros de casa. No dia seguinte a cerca estava cortada na área do canil. Não sei o que leva alguém a roubar cachorros, mas enfim, foi o que fizeram. Sofri e chorei por mais de uma semana, mas não havia nada que pudéssemos fazer. Até que um conhecido um dia toca a campainha e deixa uma esperança: ele achava ter visto nossos cachorros numa fazenda, a alguns quilômetros dali. Não deu outra, eram elas!!! Imaginem a alegria, nossa e delas, quando chegamos ao local! Infelizmente a terceira não estava lá. Provavelmente a família que as levou percebeu que três cachorros daquele porte eram bem complicados de manter, assim, ficaram com a Lia, que era ligeiramente menor do que as outras e abandonaram a Bia e a Pam perto de uma escola, no meio do mato. Fiquei menos triste, mas apesar da saudade da terceira, essas duas monstrinhas até hoje, agora na terceira idade, são a alegria – e a bagunça, o barulho, as artes – da casa.